Seguidores

domingo, 18 de setembro de 2011

Pedagogia das Respostas de Deus

 Responder é um ato pedagógico. O é nas relações interpessoais. O é também no nosso relacionamento com Deus.
 
Quando um pai responde não ou sim para um filho, ensina-o algo. Às vezes é duro para o filho ouvir do pai resposta diferente da esperada, às vezes o filho não está pronto, por isso revolta-se, ao receber um não, quando aguardava como certo um sim. Mas sempre, sofrendo pela resposta, lidando com a revolta, ou mesmo se negando a receber a resposta como definitiva, o filho vai aprender e, por isso, crescer. O aprendizado é retardado e, às vezes até inviabilizado, se o filho rejeita e se nega a seguir na vida, pela trilha da resposta do pai.

Pedagogia antiga esta, da resposta, na relação de Deus com o homem.
O fruto de uma das árvores no Éden, o homem não poderia ter comido. Se não comesse teria aprendido que a obediência a Deus era o segredo para não sofrer e não morrer. Comeu, e até hoje parece não ter aprendido, mesmo sofrendo e contracenando o tempo todo com a morte, que não vale a pena desobedecer a Deus.

Caim recebeu um não de Deus ao oferecer-lhe sua oferta, tivesse refletido e, humilde, procurado entender a resposta divina, teria aprendido que a importância do que oferecemos a Deus não está no esforço desprendido para obtê-lo, tampouco no seu valor intrínseco, mas na atitude pura e despida de segundas intenções no coração. Não refletiu, o ódio tomou conta de sua alma e a violência nasceu na história como a alternativa covarde à coragem para  aprender.

Abraão esperou muito e, quando naturalmente já não podia ser pai, portanto, já considerando, pelo passar dos anos, ter recebido um não de Deus, Isaque nasceu. Com isso a resposta de Deus revelou-se positiva. O sim, no entanto,  pareceu ser provisório ou reversível quando Deus pediu ao pai que lhe oferecesse o próprio filho em holocausto. Não tivesse obedecido, rendendo-se ao querer divido e Abraão não teria aprendido que amar a Deus acima de tudo trás maior prazer do que amar, acima de tudo, a bênção que Deus dá. Deus não nos dá bênçãos para que as idolatremos, mas para que o amemos.

A lista não é pequena. dos patriarcas aos profetas, dos juízes aos reis e dos evangelistas aos apóstolos, todos foram submetidos à ação pedagógica das respostas de Deus. Uns aprenderam e cresceram, outros resistiram e sofreram.

Quando Deus responde, está ensinando algo. O aprendizado que a resposta enseja é sempre muito melhor do que a resposta em si. E há respostas negativas que Deus dá aos homens, cujos ensinamentos, uma vez obedecidos, revelam-se altamente positivos.

Não devemos nos preocupar se receberemos de Deus um sim ou um não. Precisamos isto sim, nos ocupar do aprendizado para que cresçamos com Suas respostas. 

“E nesse andar contigo eu ouço um sim, mas é verdade que às vezes ouço um não. Mas se você me diz sim ou não, eu não desisto, não abro mão, nada vai me separar de Ti.”
(Fernanda Brum)

Lécio Dornas

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Acolher, ajudar, equipar

 Uma Igreja relevante em simplicidade, integridade e serviço influencia sua geração e planta sementes para os que virão depois.

Acolher, ajudar, equipar. Eis três ações fundamentais à atividade pastoral. A caminhada ministerial é o desafio constante de tornar prático e simples o compromisso de viver a profundidade, a verdade e a integralidade do Evangelho. É imperioso que líderes cristãos envolvidos com o cuidado e pastoreio de congregações locais e de pessoas que fazem parte do rebanho do Senhor em ministérios e grupos pequenos promovam, diligentemente, ações e conexões entre elas. Todavia, uma realidade muito desfavorável, constituída de religiosidade e alienação, nos confronta constantemente.

O caminho da simplicidade ainda é possível para aqueles que, sinceramente, e de coração aberto e compromissado, se dispõe a seguir a Jesus e os valores do Reino. Valores ensinados pelo Mestre no conhecidíssimo sermão da montanha, registrado nos capítulos 5 a 7 do evangelho e Mateus. Simplicidade daquilo que é profundo e capaz de mudar e transformar a maneira de pensar e ser do homem em qualquer realidade social, religiosa, política e geográfica. Por isso, a mensagem de Cristo é consistente e universal para todas as culturas, raças e etnias. Simplicidade que vai sendo depurada e ampliada pelas lutas e provas na jornada, quando há disposição de viver essa mensagem e a missão que o Filho de Deus nos propõe.

Nas ações pastorais, o acolhimento de pessoas com suas histórias, realidades e heranças singulares é essencial – acolhimento de pessoas diferentes, com temperamentos e opiniões diversas, com seus pecados, dores, frustrações e sucessos também. Neste acolhimento, vamos convidando cada um a entender que temos um só Deus que, ao mesmo tempo, acolhe-se a si mesmo na forma de três personalidades distintas. Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo mostram que é possível este acolhimento em amor, respeito e dignidade. Quem vive essa fé o expressa com uma só alma e pertencendo a uma só Igreja.

Ajudar os cristãos – novos convertidos ou não – na experiência da mutualidade é incentivá-los a ser rebanho e Igreja do Senhor, expressão visível do Reino dos céus aqui na terra. É papel do pastor ajudar as pessoas a aprenderem e considerarem o caminho da meditação, da oração, do perdão, da reconciliação, da comunhão, da adoração e do serviço mútuo. Ajudar a edificar a comunidade de maneira ajustada e equilibrada em amor, sem abandonar ou rejeitar o seu fundamento, Jesus de Nazaré. Ajudar os membros do Corpo a valorizarem seus papéis funcionais como partes fundamentais desse organismo místico, e não desprezarem sua importância, pessoalidade e humanidade. Ajudar pessoas a serem seres humanos melhores e cristãos melhores, mais parecidos com Jesus no que são e fazem, conforme Romanos 8.29, resgatando a imagem de Deusem nós.

Além de acolher e ajudar, o pastoreio e cuidado do rebanho requerem trabalho contínuo e paciente em equipar todo cristão para toda boa obra. Paulo, escrevendo para a igreja na cidade de Éfeso, diz que todos nós somos inspiração do Criador – um poema escrito, desejado e criado em Cristo Jesus para a prática de boas obras. Já Tiago enfatiza que a prática de nossa fé nos torna não somente ouvintes, mas pessoas que entenderam a natureza e essência do Evangelho que deve, sem dúvida, repercutir e resultar em ações concretas de testemunho, serviço, misericórdia e socorro. A integralidade da missão está garantida quando vivenciamos aquilo que cremos e para o que fomos equipados e capacitados.

Em nossa ação pastoral, acolher, ajudar e equiparé possível pelos recursos inesgotáveis da graça de Deus e da ação contínua do Espírito Santo, que inclinam nossas vontades, intenções e pensamentos na direção do que é essencial ao serviço de Cristo. Assim, a Igreja do Senhor será capacitada a oferecer resposta e servir de referencial para uma sociedade injusta, perversa e violenta. Implantar o Reino de Deus significa, também, inibir os sinais de morte com ações de fé.

Pastorear acolhendo, ajudando e equipando as ovelhas para toda boa obra é uma resposta eficaz à carência de homens e mulheres que de fato desejem seguir os passos e a mensagem de Jesus. São eles que construirão uma Igreja relevante em simplicidade, integridade e serviço – uma Igreja que, com sua presença no mundo, vai ajudar na transformação do caos que a circunda, influenciando sua geração e plantando sementes para os que virão depois.

Uma Igreja relevante em simplicidade, integridade e serviço influencia sua geração e planta sementes para os que virão depois.

cristianismohoje.com.br/interna.php?subcanal=63 
Nelson Bomilcar

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

EDUCAÇÃO CRISTÃ: NOSSO DESAFIO



igreja contemporânea precisa descobrir um modelo educacional que culmine na sua plena realização, ou seja, na descoberta da sua identidade local. Esta pode ser trabalhada a partir do questionamento: “Que tipo de Igreja desejamos ser?” ou: “Como Igreja, o que devemos fazer?” O que estamos fazendo hoje, de certa forma, determina o nosso amanhã. Movidos pela força do Senhor, temos conseguido vitórias que demonstram nosso compromisso com o Reino de Deus. Entretanto, nosso compromisso mais desafiador está na formação do cristão. A igreja, para alcançar o objetivo do ensino, precisa investir com muito amor na formação daqueles que estão caminhando na construção do Reino de Deus.
A educação cristã é a dimensão mais fundamental e significativa da missão que o Senhor Jesus Cristo entregou à sua Igreja: “ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.20). “… até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina…” (Ef 4.13,14). Entendemos que, como povo de Deus (1 Pe 2.9,10), devemos nos empenhar na vivência do evangelho e, principalmente, ensinando a verdade revelada e ministrada aos nossos irmãos em Cristo Jesus.
A relevância da Educação Cristã está diretamente ligada à contextualização da mensagem bíblica e ao seu relacionamento com a experiência cotidiana do cristão, visando sempre a dar-lhe condições de atingir a maturidade cristã. A formação da nova criatura em Cristo, visando levá-lo à sua plena maturidade, é uma impossibilidade sem a operação do Espírito Santo na vida humana. Dai, a relevância da oração, da comunhão com Deus e do exemplo cristão, na vida daqueles que se colocam como instrumentos de Deus para a consecução de tal propósito.
O programa de Educação Cristã deve levar o educando a estudar a Bíblia, além de despertar o seu interesse para o exame mais amplo e profundo das Escrituras: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5.39). “Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica, pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (At 17.11).
Através de séculos, a Escola Dominical tem sido um instrumento especial de educação. No sentido mais completo do termo, a Escola Dominical é altamente significativa na vida das igrejas cristãs. Ela desempenha um papel importante no processo de continuidade da cultura religiosa que precisa ser transmitida às novas gerações. Além disso, a Escola Dominical fortalece a visão doutrinária, na medida em que oferece um espaço aberto para pensar e repensar os aspectos fundamentais de nossa fé cristã. Em sua missão, ela vai mais longe ainda, pois sua vocação é formadora, evangelizadora e missionária. Hoje estamos sendo desafiados a uma reflexão séria em torno da Escola Dominical, pois do contrário a igreja local em sua missão fracassará no tocante à formação do cristão em todos os sentidos.
- A Escola Dominical através de seus representantes deve reivindicar da igreja, condições para desempenhar seu papel na estrutura da igreja local.
- A Escola Dominical deve reivindicar os recursos não só no que se refere ao espaço físico adequado, como também literatura de boa qualidade, coerente com a Palavra de Deus.
- A Escola Dominical precisa formar pessoas para o desempenho do ministério do ensino.
- A Escola Dominical, através de seu corpo docente, deve ter como meta o desenvolvimento de um processo técnico-pedagógico que gere crescimento espiritual e um profundo compromisso do cristão com a igreja local. A Escola Dominical deve preocupar-se com a transformação progressiva do cristão, no caráter, valor, motivação, atitudes e entendimento (1 Jo 4.17).
John Dewey, filósofo, psicólogo e educador, em seu livro “Como Pensamos”, faz uma comparação entre ensinar e vender. Ele afirma: – “Ridicularizaríamos um negociante que dissesse ter vendido grande quantidade de mercadorias, embora ninguém houvesse comprado coisa alguma. Entretanto, há professores que pensam ter realizado um bom dia de trabalho educacional sem levar em conta o que seus alunos aprenderam”.
A Educação Cristã de uma igreja não deve se limitar ao preparo do cristão para o serviço da Igreja; deve também capacitá-lo para servir a Deus no mundo em que vive. A Igreja está sendo desafiada a investir com o mesmo vigor dedicado à construção material, em relação à construção espiritual.

Rev. Tácito da Gama Leite
Dr. Tácito da Gama Leite Filho é escritor, autor de 84 Livros; doutor em Teologia (Pontifícia Universidade Católica – RJ); doutor em Psicologia (Florida Christian University, Miame – FL – USA); fundador e diretor do CETEO – Centro de Estudos Teológicos Brasileiro – www.ceteo.com.br